Médico nutrólogo é aliado para diagnosticar, tratar e acompanhar pacientes com transtornos alimentares que devem receber atenção multidisciplinar
O médico nutrólogo desempenha um papel essencial no diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes com transtornos alimentares diversos.
Apesar da centralidade desse especialista nesse tipo de caso, é relevante ter em mente que se trata de condições que demandam uma assistência multidisciplinar para garantir a manutenção da saúde e promoção da qualidade de vida.
O que são os transtornos alimentares?
Os transtornos alimentares consistem em hábitos alimentares irregulares que resultam ou estão associados a sofrimento ou preocupação relacionados à forma física e que podem comprometer a saúde do indivíduo acometido.
Existem diferentes tipos de disfunções relacionados à alimentação que não necessariamente são transtornos alimentares, mas implicam em uma relação não saudável com a comida. Um exemplo é uma alimentação majoritariamente baseada em ultraprocessados.
Os transtornos alimentares, por sua vez, estão associados a uma condição psiquiátrica na qual o paciente sofre em decorrência da relação que mantém com a comida ou devido à aparência. Conheça algumas das principais condições:
- anorexia: é uma condição mental e mais associada a óbitos entre os transtornos alimentares, pois os pacientes, por fatores estéticos nem sempre realistas, restringem muito a ingestão de alimentos, especialmente os que consideram calóricos, levando a uma grave perda de peso, mas distorção da própria aparência;
- bulimia: trata-se de um transtorno alimentar caracterizado inicialmente pelo consumo compulsivo de algum alimento seguido do desejo de eliminar aquele excesso, o que pode ocorrer por meio da indução do vômito, uso de remédios como laxantes ou diuréticos e até exercícios físicos exagerados;
- compulsão alimentar: consiste em um quadro compulsivo pela ingestão de alimentos, levando a um consumo excessivo e que, em muitos casos, leva o paciente a quadros graves de obesidade. Pode ter relação com estado emocional e quadros de ansiedade e depressão, por exemplo;
- TARE: o transtorno alimentar restritivo evitativo é um quadro no qual o indivíduo não ingere algum grupo alimentar ou alimentos com determinada característica, o que é mais comum em crianças, mas pode se estender por toda a vida e resultar em déficits nutricionais graves.
Portanto, com relação ou não a fatores estéticos, a questão é que os transtornos alimentares são condições graves e que comprometem não apenas a saúde e bem-estar dos pacientes como podem levar ao óbito em casos mais extremos e crônicos.
Qual o papel do médico nutrólogo no tratamento de transtornos alimentares?
O médico nutrólogo é um profissional especializado em doenças nutricionais, incluindo as condições nutroneurometabólicas, que incluem obesidade, diabetes, osteoporose e também os transtornos alimentares.
Inicialmente, o médico nutrólogo é um aliado importante no diagnóstico de transtornos alimentares, pois pacientes com déficit nutricional que procuram esse especialista podem se deparar pela primeira vez com tal diagnóstico.
A compulsão alimentar, por exemplo, nem sempre é reconhecida, uma vez que pode se tratar de um quadro crônico como também em episódios esporádicos, como enfrentar períodos de excesso intercalados com tentativas de dietas restritivas.
Assim, na consulta inicial, a anamnese realizada pelo médico nutrólogo inclui a busca por padrões alimentares individuais, como: preferências alimentares, quantidades ingeridas, horário das refeições, sensações no dia a dia (fadiga, dores de cabeça, má digestão, refluxo, etc.), privação de alimentos etc.
O histórico médico individual e familiar também é relevante, uma vez que quadros hereditários precisam ser conhecidos para melhor direcionamento, assim como aspectos pessoais, incluindo condições psiquiátricas, como depressão, ansiedade e outras.
Esse conjunto de informações já permite que o médico nutrólogo tenha um panorama importante sobre o paciente e predisposições a transtornos alimentares.
Outra etapa importante da assistência médica são os exames para verificar deficiência nutricional, o que pode revelar que a alimentação não tem contemplado alguns tipos de vitaminas e minerais.
Com essas informações reunidas, o médico nutrólogo fica mais apto a indicar o tratamento mais adequado aos transtornos alimentares, principalmente do ponto de vista da reposição nutricional quando ela for necessária, como também no que se refere ao relacionamento com a comida e hábitos alimentares.
Esse acompanhamento evita que o paciente fique mais vulnerável a patologias que podem decorrer dos transtornos alimentares, como obesidade, diabetes, anemia e outras.
Nesse sentido, a suplementação é uma importante aliada não diretamente no tratamento do transtorno alimentar, mas na promoção da saúde do paciente.
É muito importante que o paciente com transtornos alimentares tenha um acompanhamento multidisciplinar, incluindo também psiquiatra e psicólogo, além do médico nutrólogo.
Um paciente com compulsão alimentar associada à depressão, por exemplo, precisa de um tratamento específico para sua condição mental para que haja então alterações nos hábitos alimentares.
Ainda assim, é o acompanhamento concomitante com o médico nutrólogo que impede que algum tipo de deficiência ou doença nutricional associada comprometa também a saúde física do paciente.
As duas abordagens devem caminhar juntas, pois uma vez que o paciente sente-se melhor fisicamente devido ao suporte do médico nutrólogo ele tem mais motivação e disposição para seu tratamento psiquiátrico que, conforme traz resultados, também contribui na promoção da saúde física.