Reeducação alimentar visa aumentar autonomia individual em relação à comida e pode ajudar no tratamento de transtornos alimentares
A reeducação alimentar vai muito além do que se come e inclui também hábitos relacionados à alimentação, incluindo horários, mastigação e mesmo relacionamento com a comida.
O objetivo da reeducação alimentar, de forma alguma, é padronizar o que e quando será ingerido. Trata-se de um processo totalmente individualizado de acordo com as necessidades e histórico de cada um. Entenda mais a seguir.
Diferença entre reeducação alimentar e dieta
Uma dúvida muito comum quando falamos em reeducação alimentar refere-se às diferenças em relação a muito mais conhecida e popular dieta.
Ainda que a dieta possa se referir a alimentação de longo prazo, o termo é mais usado para indicar um regime alimentar temporário e com objetivo específico – como emagrecer.
Nesse contexto, a dieta é mais entendida como privações alimentares temporárias visando a perda de peso.
A reeducação alimentar, por sua vez, é uma mudança de mentalidade em relação à alimentação e não inclui, na maior parte das vezes, restrições de grupos de alimentos – como doces, carboidratos etc.
A reeducação alimentar também não é direcionada para um objetivo específico como a dieta do tipo: vou parar quando alcançar minha meta de 55 kg.
A opção pela reeducação alimentar deve ser vista como uma escolha para a vida buscando alimentar-se de forma mais consciente e saudável e compreendendo as consequências de cada escolha.
Assim, o objetivo é promover autonomia em relação ao cardápio das refeições, horários e hábitos alimentares em geral.
A reeducação alimentar é sempre individualizada. Por exemplo, uma pessoa com uma alimentação predominantemente natural, mas com dificuldade em manter a rotina alimentar, terá um direcionamento completamente diferente de uma pessoa obesa com tendência à compulsão alimentar.
Dessa forma, o quanto uma reeducação alimentar vai transformar as práticas atuais depende diretamente dos hábitos do indivíduo. Além disso, a personalização é fundamental para que sejam consideradas as necessidades individuais.
Por exemplo, para uma pessoa com tendência à compulsão, a manutenção de (poucos) doces na rotina alimentar pode ser fundamental para que ela mantenha a motivação no longo prazo e entenda as consequências dessa escolha, tomando outras decisões que permitam manter sua saúde no contexto geral.
Qual a importância de bons hábitos alimentares?
Verifica-se assim que a reeducação alimentar é sim sobre a manutenção de bons hábitos, mas também refere-se à promoção da autonomia individual com base em informações e conhecimento.
A reeducação alimentar não significa assim não comer doces de forma alguma ou nunca pedir uma pizza, como no caso na dieta, e sim saber fazer boas escolhas alimentares na maior parte do tempo. E qual a importância disso?
Saúde física
Inicialmente, a reeducação alimentar tem um comprometimento com a promoção da saúde física, uma vez que deve ser direcionada para atender as necessidades individuais de nutrientes.
Nesse sentido, uma pessoa que faz exercícios físicos intensos e outra sedentária terão necessidades nutricionais diferentes para promoção da saúde, o que deve ser considerado na reeducação alimentar. Optar por um coach de condicionamento físico pode ser uma ótima opção.
Com bons hábitos alimentares o que se vê é uma melhora da saúde física em geral, como fortalecimento do sistema imunológico, boa digestão, redução das chances de desenvolver patologias como diabetes e hipertensão, entre outros.
Bem-estar
A boa alimentação também tem impactos no bem-estar geral e na promoção da saúde mental.
A má relação com a comida pode estar relacionada com quadros de depressão, ansiedade e outros, de forma que uma mudança positiva ajuda na amenização dessas ocorrências.
Ao se dedicar, ainda que minimamente, a uma melhor alimentação, há um efeito cascata no que se refere a busca por outras formas de construção do bem-estar, como lazer, descanso, sociabilidade e exercícios físicos.
Qualidade de vida
Com boas escolhas alimentares também é possível ter mais disposição durante o dia, melhorando a qualidade do sono, a concentração, memória, energia para realizar atividades prazerosas etc.
Há, assim, um ganho geral na qualidade de vida a partir da mudança em apenas um pilar, mas que desencadeia diferentes benefícios no cotidiano.
Como iniciar uma reeducação alimentar?
Uma dúvida muito comum é como iniciar a reeducação alimentar e, infelizmente, muitas pessoas começam cortando alimentos que gosta, se policiando e limitando, como se fosse uma dieta.
Para evitar esse tipo de comportamento que, no médio e longo prazo, desmotiva, é importante contar com auxílio de um especialista.
O acompanhamento com nutrólogo, nutricionista e, em alguns casos, até com psicólogos quando a má relação com a comida se deve a transtornos alimentares, é fundamental.
Esses profissionais vão atuar de forma integrada para compreender seus hábitos e comportamentos alimentares e orientar quanto a melhora gradual, mas progressiva de diferentes aspectos, como cardápios, preparação, horários etc.
Para isso é importante avaliar a condição atual de saúde, entender as necessidades individuais e como construir uma relação duradoura com a alimentação saudável.
A assistência especializada é importante para todas as pessoas, mas vai ser particularmente valiosa para pessoas com transtornos alimentares, que recorrem com frequência a dietas restritivas ou que têm dificuldade em rever sozinha os hábitos alimentares.